Cuidar de quem cuida: por uma gestão humanizada
Junho foi Mês dos(as) Profissionais de RH – período em que este texto foi originalmente escrito –, mas esse não é mais um post para dar os parabéns e falar o quanto são importantes. Pelo menos, não de forma genérica. Iremos falar aqui de um RH, de uma gestão humanizada.
Sim, eles(as) são importantes. Muito importantes. Mas não são super-heróis e heroínas. E por que estamos dizendo isso?
No sentido de que, não são figuras sobrehumanas – embora muitas vezes precisem encontrar forças quase como se fossem, tantas e tamanhas são as demandas colocadas em seus pratos hoje em dia. Mas são pessoas, de carne e osso.
Parece óbvio, né? Mas também parece que às vezes se esquece disso.
Do tradicional ao RH humanizado e estratégico
Há momentos em que a impressão é de que há uma espécie de “8 ou 80” no mundo corporativo em relação ao RH: desvalorizar a área e limitá-la de todo seu potencial, ou colocá-la num pedestal irrealista de total responsabilidade por tudo e todos. No fim das contas, nenhum desses é saudável.
Da mesma forma que, em um extremo, o RH não deve ser reduzido a burocracias e demissões, por outro lado, o RH também não pode ser responsável por tudo e todos. Não dá pra “pular” de um RH tradicional para um RH estratégico e humanizado de um dia para o outro. É um processo.
Um processo muitas vezes árduo, mas que no fim vale a pena.
RH: Quem cuida de quem cuida?
As pessoas profissionais de RH precisam ter abertura, segurança, recursos, suporte.
E mais importante, saúde e bem-estar. Mas sem as coisas que citamos acima, fica complicado. E a organização deve, sim, proporcionar isso a elas. É aquela lógica do “quem cuida de quem cuida?”
Bom, quem cuida das pessoas em uma organização também é/são… pessoa(s). E se essas pessoas não estão sendo bem cuidadas (pela organização e por elas mesmas), como irão cuidar de outras pessoas?
Já parou pra pensar nisso? Uma hora fica inviável. O esgotamento chega. E ele custa caro.
Gestão de pessoas humanizada
Em um artigo interessante da psicóloga e profissional de RH Monique Menezes, ela refletiu sobre o quanto estava se entorpecendo dos problemas dos outros e não olhando para os seus próprios problemas. Afinal, “quanto os RHs têm espaço para falar e olhar para os seus problemas?“
Como ela mesma menciona, um estudo recente da Gartner apontou uma gestão humanizada como prioridade para este ano segundo gestores(as) de RH. O maior problema apontado por eles é que os(as) líderes precisam de uma nova abordagem, já que à medida que o ambiente de trabalho muda, a liderança também precisa mudar.
Parece que, segundo os entrevistados no estudo, sua abordagem de desenvolvimento de liderança não prepara os líderes para o futuro do trabalho. Futuro esse que precisa ser psicologicamente seguro, equilibrado, humanizado.
Desenvolvimento de lideranças
Para isso, conclui o estudo, é preciso de uma liderança autêntica, empática e adaptável. Essas características já estão listadas há algum tempo entre as principais qualidades de grandes líderes, mas eram consideradas um bônus.
No futuro já presente, isso será uma exigência. E precisamos começar hoje:
- Autenticidade: Agir com propósito e permitir verdadeira autoexpressão para si mesmos(as) e suas equipes
- Empatia: Demonstrar cuidado, respeito e preocupação genuínos com o bem-estar dos colaboradores(as)
- Adaptabilidade: Possibilitar flexibilidade e suporte que atendem às necessidades exclusivas dos membros da equipe
Monique reflete:
“Os RHs também deveriam estar dentro dessa gestão humanizada, não só ajudando seus clientes internos e pessoas líderes mas cuidando de si próprios. Mas quem cuida dos RHs? Estamos nos cuidando? Quanto tempo dedicamos a acolher nossas angústias, medos e frustrações?“
monique menezes, rh
Relacionamentos positivos no trabalho
Fica a reflexão. Que não só o RH tenha a responsabilidade de formar melhores líderes e gerir pessoas de forma humanizada. Isso simplesmente não é possível quando o próprio RH não está inserido nessa gestão humanizada.
E se não inclui o RH, ela é sequer humanizada?
Que a alta liderança consiga ser autêntica, empática e adaptável para melhor acolher e potencializar o RH. E que o RH aproveite isso para cuidar mais de si mesmo e dos outros, entendendo suas limitações e possibilidades, e o que está fora e dentro de seu controle.
Também, idealmente, para ajudar a repassar para futuras lideranças. Transformar gestores em líderes. Transformar a si mesmo em líder. Quem sabe. Mas nunca sozinho(a). Pois no fundo, nada se faz sozinho. Ninguém consegue fazer tudo sozinho. Ninguém é onipotente.
Em suma, são relações humanas.
Conclusão
E relacionamentos interpessoais significativos são fundamentais para uma vida satisfatória e saudável, como revelado pelo histórico estudo da Harvard University. Conexões sociais em geral são importantes para nós, humanos, seres sociais. Manter interações sociais positivas é importante.
Claro, isso vale para o trabalho. Afinal, não há tanto uma barreira entre as esferas profissional e pessoal de fato. A vida é uma e, no frigir dos ovos, somos todos pessoas. O(a) CEO, o RH, o colaborador(a), seja qual for o cargo ou posição.
E é curioso como, às vezes, precisamos lembrar disso a nós mesmos e a quem está ao nosso redor.
Por gestões menos aceleradas, e mais humanizadas. Acreditamos profundamente em toda a potência do RH. E justamente porque se tratam de pessoas, e não de seres míticos ou máquinas.
Gostou do texto? Nos divertimos testando usar gifs em artigo pela 1ª vez, achamos que deu um toque especial e trouxeram mais leveza a essa reflexão importante.
Ps.: Pois é, dissemos que este não seria um post de parabéns genérico, mas agora que ele acabou, vou finalizar parabenizando sim: parabéns, profissional de RH – quer você esteja lendo este texto no seu mês especial ou não! Vamos juntos(as), unindo nossas potências, em direção a este futuro-já-presente do trabalho?!
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