O que as empresas precisam entender sobre profissionais introvertidos(as)
Como líder e introvertido, sempre fui desafiado pela equivocada ideia de que ser extrovertido seria um atributo “essencial para liderar”.
Isso porque a extroversão costuma ser uma característica socialmente muito valorizada, principalmente na cultura ocidental moderna.
Na esfera do trabalho, claro, não é diferente…
Sei o quão desafiador pode ser navegar em um mundo, inclusive dos negócios, que deixa pouco espaço para a introversão, negligenciando o potencial dos introvertidos(as).
Hoje, eu acredito fortemente que ser extrovertido(a) não é a única maneira de ser bem-sucedido(a) – independentemente da sua posição.
Porque na realidade, existem muitas habilidades valiosas em que pessoas introvertidas podem brilhar.
Escuta ativa. Reflexão e análise profunda. Atenção focada. Pensamento crítico. Criatividade. Autonomia. Empatia. Inovação.
Essas são apenas algumas possibilidades, segundo experts como Susan Cain, autora do best-seller Quiet, que cita diversos estudos a respeito em seu trabalho (e que talvez você até conheça de um TED que gosto muito sobre o poder dos introvertidos).
Nesse vídeo, ela cita Mahatma Gandhi, Eleanor Roosevelt e Rosa Parks como exemplos de líderes introvertidos que fizeram história – no caso deles, não em empresas, mas em relação a direitos humanos e civis de forma mais ampla. Uma baita inspiração, independente do tipo de liderança.
Também me chamou atenção uma matéria recente sobre o tema, onde Friederike Fabritius (neurocientista, consultora de grandes empresas como Google e Deloitte, e especialista em atração e retenção de talentos) aponta que certas qualidades podem se destacar nos introvertidos.
Além de algumas das que mencionei acima, cito aqui uma certa tendência a serem especialmente talentosos em algum campo específico, e de se guiarem mais por seus valores do que por pressão dos outros – ambos pontos muito interessantes trazidos por Friederike.
Porém, segundo a mesma especialista:
“A maioria das companhias tende a privilegiar os funcionários extrovertidos, mas existem pontos fortes surpreendentes que os introvertidos trazem, e os empregadores precisam olhar com mais atenção para isso”.
Friederike Fabritius, google & deloitte
Acredito que os introvertidos(as) deveriam ter mais espaço e oportunidades para trazer seus talentos únicos para a mesa, pois na prática, eles podem ser realmente diferenciais para uma organização.
Não digo isso simplesmente porque sou introvertido, mas também porque diferentes pesquisas vêm reforçando isso. Além de que, eu trabalho no dia a dia com pessoas extremamente talentosas, algumas das quais também compartilham dessa característica.
Para aqueles que, assim como eu, se identificam como introvertidos(as)…
Peço que não subestimem suas habilidades, pois elas podem ser suas maiores forças. Te encorajo a abraçá-las, se concentrando no que você faz de melhor e trabalhando para utilizá-las da melhor maneira possível!
Independentemente do seu papel em uma empresa, qualidades como as que mencionei nesse texto aqui são inestimáveis e podem ajudá-lo(a) a se destacar na vida profissional – sim, inclusive em cargos de liderança.
Foi com tempo e experiência que eu descobri que, ao enfim decidir focar em seguir meu propósito e me concentrar nas habilidades que me tornam quem eu realmente sou, sou capaz de liderar de forma humana, verdadeira e eficaz.
Já para aqueles que trabalham com ou lideram pessoas introvertidas…
…(o que com certeza é seu caso, afinal, somos muitos), eu incentivo vocês a reconhecerem o valor único que essas pessoas trazem para sua equipe e organização como um todo, e a criar um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso para todos os tipos de personalidade.
Como diz Susan Cain, a colaboração entre introvertidos e extrovertidos é fundamental para a resolução de problemas complexos.
Temos plena confiança de que, juntos(as), todos nós podemos aproveitar o poder da diversidade e complementariedade de perfis para impulsionar o desenvolvimento e sucesso pessoal, profissional e organizacional.
O equilíbrio é a grande chave.
*Este texto foi originalmente escrito e publicado por Maurício Betti, CEO e co-fundador da talent academy, em seu LinkedIn pessoal.